Bordado é uma atividade bem antiga, mas que vem se renovando a cada dia. Um bom exemplo? Essas meninas jovens, com menos de 30 anos, de piercing no nariz e cabelo colorido, são as mais novas bordadeiras do pedaço. Elas chamam a atenção não só pelo visual, mas pelo lindo trabalho que desenvolvem. Vamos conhecer a história do Clube do Bordado?

O exercício de passar a linha e a agulha pelo tecido, num vai e vem, nos faz silenciar e desconectar. O bordado reaparece com força total num momento em que o mundo precisa de um respiro. Para você, o bordado é uma atividade terapêutica? Para as meninas do Clube, Renata Dania, Camila Lopes e Laís Souza, é terapia e mais.
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Renata conta que o bordado é uma forma de expressão. “A Camila sabia bordar e a gente queria muito aprender”, conta. No primeiro dia, as meninas já fizeram seu primeiro bordado. Aprenderam os pontos haste, ponto atrás, ponto cheio e margarida. Fizeram um flor com seu cabinho. Da flor, floresceu o clube! “E aí, vieram outras reuniões… já são dois anos de Clube do Bordado e viramos superamigas”, relembra Renata.

O bordado é um pouco como a vida. Tem idas e vindas, é construído ponto e ponto, com paciência e resiliência. Há algum ritual envolvido ao bordar. Às vezes, é preciso desmanchar algo que não está legal e o avesso… ah, o avesso é tão ou mais importante do que o lado de fora, o que se vê primeiro. Hmmm, realmente lembra a nossa vida, né? Precisamos estar bem de fora para dentro e de dentro para fora. Falando nisso, como anda o seu “avesso”?
Bordado manual: o poder está em suas mãos
Renata, Camila e Laís descrevem uma cena inusitada: “quando estamos no parque bordando e alguma senhorinha nos vê, elas se aproximam para ver nosso trabalho e sempre se surpreendem com o nosso bordado. Elas ficam felizes por verem a técnica do bordado renascer e ver que a tradição não está perdida.”
“Teve um gap de geração, pois já não era uma atividade valorizada nem obrigatória. A geração das nossas mães, por exemplo, foi procurar outras coisas, foi se encontrar no trabalho, que era valorizado. A gente percebeu que era possível conciliar trabalho e outras coisas da vida com o bordado”, diz Laís.

O Clube do Bordado surge juntamente com um movimento mundial de valorização de tudo o que é artesanal, feito à mão, exclusivo, que leva tempo e rompe a cadeia produtiva.
“Existe um retorno à prática manual, voltar a mexer com as mãos”, completa Renata.
Cada uma das integrantes do Clube (são seis ao todo, além de Camila, Renata e Laís, que vão ensinar todas as técnicas no curso da eduK, completam o sexteto: Marina Dini, Amanda Zacarkim e Vanessa Israel), traz uma característica que ajuda a montar a identidade do trabalho em bordado. “Foi espontâneo, cada uma trouxe seu jeito e a unidade veio sem querer”, contam.
Entre os temas, aparecem a questão do corpo, de liberdade, do amor próprio, bordados ousados, eróticos e também românticos. “Vendemos a ideia da diversidade de formas, da diversidade estética, étnica, de amar a si mesmo. São homens, mulheres, casais gays, trans, negros, ruivos, loiros, morenos… as pessoas se sentem representadas”, explica Renata.
Bordado como negócio
As meninas do Clube não vivem dos bordados que fazem. Todas têm outros empregos. Mas o sonho é transformar o bordado em um negócio. Laís, considerada a “pé no chão” do Clube, está buscando capacitação para poder administrar, precificar, fazer a contabilidade, enfim, desenvolver o Clube e torná-lo financeiramente viável, enquanto as demais se concentram na criação e no aperfeiçoamento da técnica. “Nossa ideia, é fazer bordados maiores, que sejam vistos como obras de arte”, conta Camila.
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Elas já perceberam a força das redes sociais para seu negócio. E levam isso a sério! Elas se dividem nas funções: uma alimenta a página, postando conteúdo e fotos; outra responde às mensagens inbox e às solicitações de pedidos e encomendas.

Quero começar a bordar. Como eu faço? “O bastidor facilita muito a vida de quem está começando, deixa o tecido bem retinho. A agulha impacta no resultado final do bordado, quanto mais fina, mais delicado fica. Indicamos a linha de meada e a agulha número 7 para quem está começando. Uma boa tesoura com ponta para desmanchar, caso precise. Não pode ter preguiça de desmanchar!”, diz Camila.
Bordado antigo X bordado moderno
As criações do Clube do Bordado são consideradas modernas, pelos temas que retratam. Para ter tanta inspiração, elas fazem pesquisas, por exemplo, em livros antigos de botânica, quando precisam bordar uma flor. “Estudamos proporção, anatomia”, revelam, “e não fazemos cópias jamais!”.
Os motivos do bordado moderno também são diferentes dos retratados no bordado antigo ou tradicional. “Antes, eram temas da natureza, pessoas em situações bucólicas. No bordado moderno, o principal é a ilustração. Hoje é permitido ousar no tema, é usado na decoração, considerado arte. O bordado passa uma mensagem, é uma forma de expressão”, explica Renata.

Além da diferença na forma como o bordado moderno é feito, a mensagem que carrega cada peça, as meninas do Clube subvertem a lógica que diz que bordado é coisa de boa moça. “Somos boas moças sim, mas com toque de rebeldia. Boas moças com opiniões fortes.”
E a ideia dessas boas moças bordadeiras é seguir bordando e criando, até ficarem velhinhas. “Os trabalhos manuais ajudam as pessoas em todas as fases da vida!”, reforça Renata. E aí, alguém duvida?
Gostou da história do Clube do Bordado? Já conhecia o bordado moderno? Sabe bordar? Conta tudo pra gente aqui nos comentários.
Minha avó era muito prendada. Sabia bordar coisas maravilhosas, fazia tricô e crochê com muita facilidade. Minha mãe tb sempre soube bordar. Nunca conseguiram me ensinar pelo fato de serem de atrás e eu canhota. Fiquei a vida inteira frustrada com isso. Consigo aprender neste curso ou é só para destras?
Não sei bordar nadica, vocês acham que eu posso ainda aprender.
Ribaneza Lima de Caucaia, Ceará.
menina, sempre é possível aprender, basta querer e ter persistência! não desista, invista em você!
Apaixonada…
Sim, muito inspiradora a história destas meninas, bordo desde criancinha, aprendi com minha avó Chiquinha, uma portuguesa muito prendada, fazia tricô, crochê,frivolite, renda de bilro e renascença e ensinou as netas a bordar, ela costurava as nossas roupas e nós fazíamos os acabamentos, como pregar botões, fazer as casas dos botões e a bainha das roupas, nossas roupas eram as mais lindas, ela usava bons tecidos, linho, cambraia, popeline, tricoline, tudo 100% algodão. Sempre conciliei o trabalhar fora e dentro de casa com alguma manualidade, pois sou muito ansiosa e os trabalhos manuais me acalmam e me colocam no eixo. Parabéns as meninas, muito bom saber que existem jovens interessadas nestas artes manuais.