Tereza Pires se conhece muito bem. “Gosto de ser pequena, sou assim, entendi nesse processo que eu era assim. Mas foi um processo lento. A gente se perde muito no caminho. A gente só se acha quando se perde”, diz Tê, com sua fala mansa, enquanto Antônio, seu filho de 1 ano, tira uma soneca. Vida de mãe-artesã-empreendedora é assim, né? Tempo, imprevisibilidade, amor, escolha. Você quer saber como equilibrar trabalho criativo e maternidade? Junte-se a nós nessa conversa sobre encadernação, criatividade, maternidade e empreendedorismo.

A designer, pós-graduada em gestão editorial, sempre amou e trabalhou com papel. Nascida em Brasília, a cidade do serviço público, ouviu a vida inteira que deveria ser concursada. Sabia que seu destino não era esse. Sabia que seu negócio era criar, fazer com as mãos, ser dona do próprio nariz. E lá foi ela, fez tudo o que seu coração mandava.
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“Trabalhava na editora da Câmara dos Deputados. Fiquei oito anos lá, trabalhando com editoração, que é minha especialidade, coordenava uma equipe de 10 pessoas e era CLT. Era legal, adorava. No início, eram seis horas de trabalho, e podia tocar As Papeleiras. Quando mudou para oito horas diárias, tive que tomar a decisão”, conta.
Larguei o emprego fixo e saí para ganhar menos da metade. A verdade é que não tinha certeza nem se ia ganhar menos da metade.
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Corajosa, né?
Mas e aí, Tê, como você deu conta de tudo?
“Na época, foi um processo. Fui trabalhando minha vida financeira. Tudo facilitou: não era casada, não tinha filhos. Nunca vou poder dizer se faria isso hoje, mas naquele momento me sentia livre”, explica.
Se não fizer isso agora, não faço mais! Vou fazer uma escolha e se não der certo, tudo bem, mas vou viver isso
Tereza conta que sentia que deveria arriscar. Morava sozinha, pagava as contas, mas contou com a ajuda financeira do pai durante um ano. “Tinha medo de não dar certo. Vida de empreendedor é assim, você faz o dinheiro hoje do que vai comer amanhã.” Depois de um ano, conseguiu atingir os mesmos ganhos de seu último emprego, quando era CLT.
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E aí viria mais uma virada. A saída da Tereza do Ateliê As Papeleiras.
Ela, Tereza, e a sócia Vanessa Navarro, estavam trabalhando muito. Aquele momento que a maioria dos empreendedores esperam havia chegado — o negócio cresceu. Voltamos ao “ser pequena”, para a escolha da Tê. “Já sabia que queria ter filhos e sabia que não ia dar para trabalhar daquele tanto tendo filhos. Saí de As Papeleiras pois era muito grande pra mim.” Depois de um ano como empreendedora solo, Tereza já tinha ganhos melhores do que quando estava no Ateliê As Papeleiras.

Como equilibrar trabalho criativo e maternidade
“Já tinha vontade de ter filhos e logo engravidei”, conta Tereza. Ela se preparou financeiramente, poupou o suficiente para ficar seis meses sem trabalhar. Escolheu a maternidade que nutre, que fica perto. Amamenta seu filho, dedica seu tempo — em qualidade e quantidade — a ele. Como MEI, teve direito a receber o auxílio-maternidade e ainda recebeu muito amor e apoio de sua família, amigos e clientes.

Em janeiro desse ano, quando Antônio tinha seis meses, decidiu reabrir a loja virtual. Diminuiu o número de produtos, aumentou o prazo de entrega, e tentou equilibrar a rotina de mãe com o artesanato. Precisou fechar a loja quando o filho adoeceu. E lá se foram mais duas ou três semanas sem trabalhar. “Porque sou pequena, sou só eu, então dá certo, vou equilibrando”, explica. E dá certo mesmo, pois tudo é muito alinhado, ela sabe quem é e o que quer da vida. “Mas hoje em dia [Antônio já tem um aninho] tem dias muito frustrantes, em que não consigo trabalhar, tenho que dizer vários nãos e pedir desculpas”, desabafa.


Essa dupla vai se permitir explorar novas realidades. Antônio vai para a escolinha por meio período, e é nesse tempo que Tereza quer recuperar o ritmo de trabalho, voltar a dar oficinas em sua cidade, voltar a criar. Aos poucos, a Tê Pires encadernadora, artesã, empreendedora criativa, vai remobiliando esse espaço, que volta a ser seu.
Quero pegar meu caderninho de ideias para desenvolver o ritmo de trabalho, inovar, criar e voltar a fazer coisas que eu gosto, sinto falta e, mais importante, quero fazer
Ela, como todas nós que somos mães (me incluo nessa!), ficamos com o coração dividido entre o realizar e o cuidar. Você se sente assim? A Tereza explica: “não significa que você está em casa com o filho e conseguirá ficar lindamente com ele. Também não queria estar com ele e preocupada com tudo o que tinha pra fazer. Se é difícil empreender sozinha em casa, com filho, é mais difícil ainda. Você vive o imprevisível. Mas, de novo, são escolhas”.

Destaque-se no artesanato
Para se destacar no mercado do artesanato é preciso ser criativo, inovar, ter qualidade e ponto. Parece simples, mas, para Tereza, no artesanato há ainda muitas pessoas que buscam a cópia. “Isso não vai te deixar rica nem feliz, as pessoas não vão valorizar”, garante. “Nunca me dei conta da demanda que criei. Eu nego trabalhos. Ache seu caminho de inovação e criatividade. É a chave do sucesso.”

O Antônio acorda e nosso tempo ao telefone acaba. As mães e as empreendedoras (ou mães-empreendedoras) aprendem que equilibrar trabalho criativo e maternidade é isso. É tempo, imprevisibilidade, amor, escolha. Quais são as suas escolhas? Divida com a gente nos comentários! E você, como faz para equilibrar o trabalho criativo e a maternidade?

3 respostas
Adorei o post!!! Sempre fui fã da Tereza, minha primeira professora de encadernação.. na verdade, o primeiro contato que tive com o mundo da encadernação. Acho realmente que ela é “ninja” pra conseguir equilibrar muitíssimo bem o trabalho, família, lazer.. Tenho três filhos e trabalho com encadernação desde 2011. Ainda não vivo só do meu trabalho como artesã, realmente não é fácil, mas quando trabalhamos com aquilo que amamos, as demais coisas tornam-se mais leves.
Parabéns Tê e Eduk!!! Parceria essencial na minha vida!!!
Beijo grande!
Puxa, é bem assim mesmo!! Ter que consiliar trabalho, casa, marido, filhos é bem complicado e exaustivo!! Hoje tenho duas filhas e tenho uma empresa de comunicação visual junto com o marido, mas não sou feliz profissionalmente. E foi xeretando na Internet que descobri a Tereza, fiquei apaixonada pelos trabalhos e pelos cursos… já fiz alguns… e quero começar a produzir, mas ainda não consegui consiliar com o resto… Mas aos poucos as coisas vão se ajeitando!! Lindo post!! Bjsss para tereza!!
* desculpem CONCILIAR